Procedimentos de beleza, de manicure a cirurgias estéticas, envolvem riscos – e a recompensa de uma vida melhor – podcast
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Procedimentos de beleza, de manicure a cirurgias estéticas, envolvem riscos – e a recompensa de uma vida melhor – podcast

Dec 10, 2023

Editor de ciência + tecnologia e co-apresentador do podcast semanal The Conversation, The Conversation

Editor científico associado e co-apresentador do podcast The Conversation Weekly, The Conversation

Professor Associado de Antropologia, College of the Holy Cross

Pesquisador de pós-doutorado, toxicologia ambiental e genômica do câncer, Universidade da Califórnia, San Diego

Carmen Alvaro Jarrín recebeu uma bolsa de trabalho de campo de dissertação da Fundação Wenner-Gren e financiamento de conclusão de dissertação de Mellon/ACLS.

Daniel Merino não trabalha, consulta, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que se beneficiaria deste artigo e não revelou nenhuma afiliação relevante além de sua nomeação acadêmica.

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Tornar-se mais bonito pode resultar em recompensas materiais tangíveis. O privilégio bonito, como é chamado, pode levar a um maior acesso ao dinheiro e ao capital social, resultando em melhor qualidade de vida.

No Brasil, esse entendimento de que a beleza é importante para o status social e o bem-estar mental e emocional de uma pessoa levou o Estado a subsidiar a cirurgia estética. Mas essa busca pela beleza tem um lado sombrio e muitas vezes pode significar exposição a danos.

E isso não se limita a práticas extremas de embelezamento, como extensas cirurgias estéticas. As pessoas também estão dispostas a enfrentar riscos potenciais em tratamentos de beleza mais mundanos e cotidianos – como manicures.

Neste episódio do The Conversation Weekly, conversamos com um antropólogo e um pesquisador do câncer sobre o dano potencial inerente à busca por tratamentos de beleza.

Carmen Alvaro Jarrín é professora associada de antropologia no College of the Holy Cross em Worcester, nos Estados Unidos. Eles pesquisam cirurgia estética no Brasil e analisam como o estado passou a apoiar o acesso a procedimentos cosméticos como parte da prestação de cuidados de saúde. O cirurgião plástico Ivo Pitanguy havia feito campanha pelo acesso à cirurgia estética, argumentando que todos tinham direito à beleza.

"Fiquei surpreso ao ver quantas delas fazem cirurgia plástica e gastam muito dinheiro com beleza porque veem isso como uma forma de obter mobilidade ascendente", disse Jarrín. Seu livro, A Biopolítica da Beleza: Cidadania Cosmética e Capital Afetivo no Brasil, examinou como a beleza se tornou um direito à saúde.

Muitos daqueles que acessam clínicas subsidiadas pelo estado não podem pagar por procedimentos cosméticos em particular. E essas clínicas apresentam um risco - muitas vezes são usadas como centros de treinamento e muitos pacientes têm procedimentos experimentais testados nelas, às vezes com efeitos drásticos.

Leia mais: No Brasil, pacientes arriscam tudo pelo 'direito à beleza'

"As pessoas acreditam que a beleza traz riqueza. Se você nasce pobre e é bonito, as pessoas pensam que isso lhe dará mobilidade ascendente. Todos estavam convencidos de que ganhariam mobilidade superior", explica Jarrín. "Os antropólogos notaram que quanto mais desigual é uma sociedade e quanto menos mobilidade ascendente há, mais as pessoas se apegam a esses meios mágicos. No Brasil, a beleza tem esse tipo de qualidade mágica."

O acesso à cirurgia estética promete melhores oportunidades de emprego e mobilidade social. Nesse contexto, buscar intervenção médica para ficar mais bonita pode ser uma escolha racional.

Não é só na cirurgia plástica, ou no Brasil, que a busca pela beleza pode ter um preço altíssimo. A crescente popularidade das manicures em gel, com o emprego de luzes ultravioleta, também pode colocar as pessoas em risco.

Em 2016, Karolina Jasko - a Miss Illinois de 2018 - foi diagnosticada com uma forma rara de melanoma na unha do polegar. Seu câncer foi desencadeado pela exposição a luzes ultravioleta em salões de manicure por causa de manicures regulares.

Maria Zhivagui é pesquisadora de pós-doutorado em toxicologia ambiental e genômica do câncer na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Recentemente, ela foi coautora de um estudo sobre os impactos do uso de luz ultravioleta para curar esmaltes.